2011/10/20

Um Conto de Dois Autores

Ou
O Resultado de Uma Obra Aberta
By Costa & Prado


Salto alto nº18, pernas finíssimas e cabeleira solta ao vento, cobre o rosto com a mão esquerda para proteger os olhos do sol. Encara uma montanha, olha-a de alto a baixo e começa a subida. Cada dois passos uma parada para puxar a saia curta para baixo.

O que leva uma pessoa a resolver escalar uma montanha? De salto alto nº 18? Mais ainda, como essa pessoa foi parar de fronte a uma montanha? Como ela pode pensar em proteger-se das intempéries vestida dessa forma.

O céu embora claro, azul, está frio, muito frio, vento cortante que fatalmente embaraçará seu longo cabelos louros e sedosos.

De onde teria vindo essa mulher?

Sinceramente não sei lhes responder. Nem sei como comecei a escrever essas linhas, e enquanto escrevo procuro por um começo, pois como pôde perceber o leito, esta história já está no meio.

Pensei por vários minutos, já digitei e apaguei várias vezes essas últimas linhas. Sei que enquanto escrevo, ou tento escrever, a pobre loira está subindo a montanha com seu salto alto, e sentindo frio.

Temo que ela morra antes de eu conseguir desenvolver algo mais...

O que fazer?

O que fazer...

Já sei, peço ao leitor (que lamentavelmente não se aperceberá do lapso de tempo) paciência enquanto transfiro o, senão desenlace, desenvolvimento deste texto pelo amigo Alexandre Costa.
Deixa a ele a criação de:

1. Motivo para ela estar onde está;
2. Razão (se uma razão houver)
3. Para estar vestida desse jeito ao pé de uma montanha;
4. O nome da montanha, haja vista que estou moendo os miolos e não me surgiu nenhum nome interessante

Caros leitores aguardem por mais, pois tenho certeza que o Sr. Alexandre Costa saberá encaminhar bem essa história

P.S. E pensar que enquanto envio esse texto por e-mail a pobre moça pode estar congelando...

P.S. 1 Sei que o Sr. Alexandre Costa implicará com a fonte que estou usando, Times New Roman, e só para me contrariar usar outra...

Não vejo motivo aparente. Nem nas profundezas mais baixas de uma mente perturbada e esquizofrênica poderia imaginar a criação de tal personagem. Mas, enfim, devo arrumar a confusão em que o meu amigo Roberto Prado colocou nossa personagem.
Motivos existem bastantes, aliás, são os motivos que nos movem, nos impele para frente (e às vezes para trás). Assim como há um motivo (mesmo que seja obscuro) para que esta personagem esteja ao sopé de uma montanha, também houve um motivo para meu caro amigo colocá-la lá. Mas, se não houve, cabe a mim inventar tal razão... E por que não? Tentarei dar um rumo à moça loira, ou desviá-la totalmente dele (sem saber ao certo o que se passa na cabeça de meu amigo Roberto) .
Penso que, antes de estar onde se encontra neste exato momento, nossa misteriosa loira partiu em uma busca solitária, busca por suas antigas e quase extintas raízes soviéticas ou suecas (já que ela é loira)... e penso que seja uma loira verdadeira. Provavelmente ela estava caminhando pelo centro da cidade e ao notar o caos que abraçava seu espírito, saiu em desatinada carreira para algum lugar tranqüilo, que lhe desse um pouco de paz, e nada como uma montanha alta e desconhecida.
Razão e sensibilidade, que palavras mais emblemáticas para um personagem. Talvez não houvesse razão para que ela fizesse o que fez, mas também poderia dizer que razões são como pintas nos braços: cada um tem a sua.
Mas existe uma coisa intrigante nesta história: por que ela estava vestida daquela maneira descrita por ele? Seria uma atriz pornô fugitiva de um set de filmagens? Seria uma figura importante da sociedade em fuga dos fotógrafos indecentes e fofoqueiros? Seria ela uma primeira ministra ou uma política famosa? Seria ela uma modelo tentando bater um recorde ridículo do “livro dos recordes?” Seria ela fruto de uma mente sexualmente ambígua e doentia, caminhando em direção ao seu grande fetiche: transar numa montanha gelada? Seria ela uma pessoa totalmente desimportante tentando a todo custo ser importante? Seria ela uma louca varrida? Seria ela uma maneira involuntária e subconsciente da mente criativa de um autor de contos de colocar suas fantasias bizarras para fora? Expulsar seus fantasmas? Seria ela apenas uma miragem? Seria ela a pergunta que não quer calar ou a voz que não pode gritar? Seria ela a metáfora da beleza feminina e a montanha a metáfora da vitória, num embate entre o êxito e a derrota? O que seria ela afinal?
Puxa, tenho mais o que fazer do que ficar quebrando a cabeça com essas coisas!Devo lembrar tanto ao amigo Roberto, quanto aos leitores, que a montanha que nossa personagem tenta vencer se chama: Pico Áureo.
Vamos ver se agora, com todas essas dicas que dei, ele embala essa história.
Em tempo: me faz um favor, troca essa fonte!

Não trocarei essa fonte!

Dito isso sigamos, mas não sem antes uma pequena observação assaz jocosa: “Acabo de descobrir que o Senhor Alexandre é fã de Jane Austin”.

Anoitece, o sol frio e frígido se põe por trás do Pico Áureo a névoa promete uma noite congelante, ao longe, onde a escuridão começa a dominar, ouve-se o uivo de lobos, e uma lua minguante mal se faz perceber no céu...

Angelina, só agora, passado o torpor do uísque drogado dá-se conta de onde se encontra, e grita, grita um grito primal, grito esse que vem de seus antepassados das cavernas, o grito de quem encara a fera feroz , seus gritos ecoam pelo ar frio e, creio eu, não chega ao topo da montanha. Ajoelhada como quem vislumbra horrorizada a estátua da Liberdade no filme O Planeta dos Macacos, ela soca o chão e chorando diz:

- Não, não, nããããããããão malditos! – que, garanto-vos, também não chegou ao topo do Pico Áureo.

Decidida a entregar-se á morte , ela estira-se ao solo e deixa-se congelar. Melhor morre que tentar entender o que estava acontecendo ali.

Enquanto adormece enregelada, sonha

Sonha com uma reunião de amigas do tempo da faculdade de comunicação, lembra-se de dançar, dançar como se o mundo fosse acabar às quatro da madrugada, de beber, beber muito, aceitar drinks de homens lindos, modelos e até mesmo de um senhor albino de óculos escuros, óculos escuros, ócul...

Então quando tudo mais parecia perdido, uma mão a cobre com uma manta confeccionada com couro de lobos. A madrugada fica menos fria.

Espero ter agradado ao Sr. Costa, sujeito culto e nervoso, independente de minha predileção pela fonte atual.

Acho melhor mesmo matar esta personagem, afinal de contas o que uma loira burra e semi-nua está fazendo tentando subir uma montanha congelada numa noite fria???? Que falta de imaginação!!!! E nem ela mesmo sabe o por que!
Provavelmente é mais uma história regada a vampiros e sexo animal do Sr. Roberto Prado. Meu caro amigo, pare de tomar esses remédios!!!!
Acho melhor dar outro caminho para essa loira.

Estava ela deitada de costas nas areias mornas de uma praia branca em algum continente menos frio, sonhava com as aulas de pára-quedas que haveria de ter um dia. Olhava para as nuvens branquíssimas no céu e tinha certeza de que o frio nunca passaria por perto daquele lugar. Bebeu seu Martini com uma azeitona que enfeitava a taça e decidiu entrar para a sua suíte no hotel e tomar uma ducha refrescante.


Assim é bem melhor, vocês não acham???

5 comentários:

Unknown disse...

O final foi inesperado.

Mas bem melhor que a morte.

Vocês escrevem em conjunto sempre?

Ficou muito bom!

Beijos

Mirze

alexandre disse...

Que beleza...

Anônimo disse...

Alexandre e Roberto:
Dois loucos cheios de genialidades andando por ai!

Meus amores, isso é a história mais louca e sem sentido que já li. Porém, a mais engraçada pela qual pus meus olhos que o mundo há de comer hoje.

Parabéns como sempre!
Bjinhu*

Barbara Magrela

Anônimo disse...

ps. engraçado como o Alexandre sempre diz : "que beleza..."
Como o único comentário dele!
hahahahahha

Esta se tornando monossilábico como o amigo.
Logo estará com:
Ok, Sim, Não.

hahahhahaha
Barbara*

solaris disse...

Grandes***