Mariazinha,
toda noite acende uma vela para o falecido. Os vizinhos ficam comovidos com
tanto amor... E na janela, a vela ilumina a rua, servindo de farol nas noites
escuras. Sempre de preto, coquezinho branco no alto do cocuruto, olhos fundos,
olheiras enormes, passinhos curtos...
Todos os domingos,
com sol ou chuva, frio ou calor, na igreja, de joelhos, orando, rezando,
suspirando e comungando.
- Triste Mariazinha! – os anjos murmuram no
altar.
Pendurado no
varal, suas camisas, calças, meias...
No supermercado,
as compras, o carrinho sempre cheio das comidas que o Seu José gostava.
- Pobre
Mariazinha! – sussurravam os vizinhos.
Mariazinha
estoca toda a comida na geladeira que fica no porão.
Há quem ouça
estranhos barulhos vindos de lá altas horas da noite...
Em tempo 1:
Mariazinha não tem mais cachorro e nem gatos, eles sumiram após o falecimento
do Seu José.
Em tempo 2:
Suzaninha, dizem, mudou-se para o interior do Piauí, mas isso é outra história.