2012/06/29
2012/06/27
SONHOS DESFEITOS
Feriu a corda
E alcançou um dó
Cantou o primeiro verso
E conseguiu uma vaia
Ali acabou seu sonho...
Acordou para vida batendo carimbo numa repartição!
CORDA
Na corda o corpo balançava
(tic-tac tic-tac)
Lembrando-nos como a vida pode ser breve
(quando queremos)
PENÉLOPE
Tricota e desfaz, tricota e desfaz, tricota e desfaz
- Essa criança não para de engordar!
Tricota e desfaz...
- Essa criança não para de engordar!
Tricota e desfaz...
FÉ(ZES)!
O brâmane fiel
Faz suas orações e atira-se ao Ganges
Já aqui, depois de tanto orar
Só resta pular no Tiete
2012/06/26
DECISÃO
Peguei a tesoura e pensei em cortar
Todas as cartas que havia te escrito
Mas pesei bem o que iria fazer
Afinal eram tantas as cartas
Que achei mais fácil
Com a tesoura
Trespassar teu coração
TESTEMUNHA
Eu vi com esses olhos que a terra há de comer!
- de mãos dadas eles se afastaram de costas para mim
Para onde?
Pouco me importa essa era cena final e eu tinha pressa em sair do cinema
2012/06/25
O ÚLTIMO ADEUS
(ou como pensam os ratos)
Visionário como um rato de bordo
Que vê o mar encrespar
O horizonte escurecer
O céu tomar cor de chumbo
Ao perceber que o balanço do mar está mais forte
Que carga já saiu do lugar mais vezes que o normal.
Preso a um pedaço de pau
Salto no mar, e
De longe vejo o navio afundar.
E equilibrado em tão frágil prancha
Penso:
-Vão-se os anéis e ficam os dedos.
Visionário como um rato de bordo
Que vê o mar encrespar
O horizonte escurecer
O céu tomar cor de chumbo
Ao perceber que o balanço do mar está mais forte
Que carga já saiu do lugar mais vezes que o normal.
Preso a um pedaço de pau
Salto no mar, e
De longe vejo o navio afundar.
E equilibrado em tão frágil prancha
Penso:
-Vão-se os anéis e ficam os dedos.
2012/06/22
2012/06/21
ESPECTRO
A assombração sempre repetia assim
Sou uma alma penada
Um fantasma cansado de arrastar correntes
Não quero mais atravessar paredes
Tudo o que quero
É uma vela, uma oração e partir
Para o meu descanso final
E sumia mergulhando no assoalho velho e carcomido
...a cortina esvoaçava na janela
INFELIZ
Bateu a mão no balcão e gritou:
- Me de dá uma dose
foi servido
bebeu de um gole só
saiu mais triste que entrou
pobre infeliz
só tinha dinheiro para uma dose
teria de encarar a realidade sóbrio
CÁLCULO
Pensou muito antes de pular do décimo andar
Olhou pela janela
Calculou as possibilidades
E por fim desceu de elevador
Ia dar outra chance à vida
MISÉRIA
Tamanha miséria nunca vi
Em lugar de uma mão pedindo
Um cotoco trêmulo e frágil
Que mal segurava uma moeda
GAVETAS
Suspirou profundamente
- Triste meu porvir...
Ao constatar que havia
Nas gavetas mais passado que futuro
COISAS INTERNAS QUE NINGUÉM VÊ
Todos comentavam a sua calma
Ninguém sabia de suas tempestades interna
Até aquele dia fatídico
2012/06/18
LIXO
Na lata de lixo
até que havia o que comer
o que vestir
o que calçar
mas nada ali supriria a sua falta de dignidade
MORTE
O triste não é morte dos entes queridos
Mas a morte lenta deles
Em nossas memórias
Assim sendo, eles acabam por
Morrer duas vezes
2012/06/12
2012/06/06
HONESTIDADE
Sempre fiquei ao lado dos fracos
Defendi os oprimidos
Nunca beijei a bota dos poderosos
Jamais me aliei ao mais forte
Sempre fui fiel à verdade
Essa é então a minha história
Agora que você já sabe
Tudo isso sobre mim
Seja bondoso
E me pague um café com pão!
2012/06/05
2012/06/04
TRISTE CENA
O palhaço triste
Num banco
Alimenta pombos
O mestre de cerimônias feliz
Assim engorda gatos
homem criado por mãe e irmã é assim
homem criado por mãe e irmã é assim
delicado
educado
entende de ciclo menstrual
sempre carrega um absorvente no bolso
anda com passos curtos e nervosos
(e nas pontas dos pés)
tem a mão hidratada
unhas aparadas e limpas
lenço sempre perfumado
só bebe licor de menta
sensível
chora à toa...
2012/06/01
Assinar:
Postagens (Atom)