2015/06/24

MARIAZINHA



Mariazinha, toda noite acende uma vela para o falecido. Os vizinhos ficam comovidos com tanto amor... E na janela, a vela ilumina a rua, servindo de farol nas noites escuras. Sempre de preto, coquezinho branco no alto do cocuruto, olhos fundos, olheiras enormes, passinhos curtos...
Todos os domingos, com sol ou chuva, frio ou calor, na igreja, de joelhos, orando, rezando, suspirando e comungando.
 - Triste Mariazinha! – os anjos murmuram no altar.
Mariazinha e sua rotina.
Pendurado no varal, suas camisas, calças, meias...
No supermercado, as compras, o carrinho sempre cheio das comidas que o Seu José gostava.
- Pobre Mariazinha! – sussurravam os vizinhos.
Mariazinha estoca toda a comida na geladeira que fica no porão.
Há quem ouça estranhos barulhos vindos de lá altas horas da noite...
Em tempo 1: Mariazinha não tem mais cachorro e nem gatos, eles sumiram após o falecimento do Seu José.
Em tempo 2: Suzaninha, dizem, mudou-se para o interior do Piauí, mas isso é outra história.


2 comentários:

Rodrigo Lopes disse...

Voltou a escrever sério. Maravilha!

Anônimo disse...

Obrigado, mas está longe de ser o que deveria ter sido...