sobre a mesa
garrafas
copos virados
cascas de amendoins
sob ela
(a mesa)
dorme um cachorro
que
cansou de esperar
por uma porção calabresa com cebolas
risadas
gargalhas
um de cara feia
(vítima talvez dos risos)
um estalo de dedo
outra
garrafa
beber para ignorar
o telão
onde canta
(prá desgosto dos bem pensantes)
celine dion
o cachorro se incomoda
com aqueles agudos
com aqueles agudos
lancinante
e ameaça ir-se de vez
mas ele sabe
que outra rodada de
tira-gosto pode chegar
um cigarro é aceso
olhares que convergem
uma pressão
(ou opressão?)
sem uma única tragada
vai o cigarro
ao chão
é pisado
num misto de raiva e frustração
chega o garçom
outra cerveja
o cão se lambe
enchem-se os copos
riem-se por nada
a noite chega
as garrafas
os copos se chocam
e alguém grita:
- um brinde ao Vadinho!
palmas
hurras
e vivas
copos
ao alto
alguém comenta soturno e sacana:
- e pensar que o Magrão não bebe cerveja...
Melancólico
embaixo da mesa
com o rabo entre as pernas
o cão
contenta-se em roer
o cigarro apagado
a noite será longa...
3 comentários:
MUITO BOM!
Um brinde ao Vadinho! Excelente construção e poesia!
Bravo, Roberto!
Beijos
Mirze
Coitado do cachorro..custava dar um pedacinho sequer da calabresa?
Até aonde vai a degradação canina...
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