2012/02/08

O ÚLTIMO CAFÉ DO DIA

Sentando-se à mesa o velho poeta, pediu um café e acendeu um cigarro*, folheou erraticamente a revista à sua frente, seus olhos corriam as página mas nada liam, seus pensamentos voam longe deixando lá o corpo sonâmbulo, o café frio, o cigarro queimado e uma revista desfolhada e amassada.
O garçom olhava par o relógio de cinco em cinco minutos esperando a hora de fechar o bar, o chão já estava varrido, todos os copos e xícaras lavados, lixo recolhido e o velho ali sentado esperando sabe Deus o quê. No céu as primeiras estrelas começava a piscar suas luzes, os ônibus lotados levavam as pessoas de voltas para suas casas e ele ali esperando o sujeito ir embora.

- Hoje perco a hora, o ônibus e a minha novela. – resmunga para o velho na mesa ouvir, mas na da aconteceu, pois o velho agora começou a mexer o café frio com a colherzinha e acendeu outro cigarro.

O garçom olha para a placa na parede onde se lê “Só fechamos quando sai o último freguês”.

- “O último freguês pagante”! – completa rangendo os dentes.

O tempo passa, o chão é todo varrido, na rua o caminhão do lixeiro recolhe os sacos e latas de lixo, os ônibus agora passam mais vazios e esparsamente, as ruas esvaziam, e o velho continua sentado.

- Pelo menos agora ele fumou um cigarro inteiro! Fala o garçom para seu reflexo na prateleira do bar.

Ele já não tem mais o que fazer, e olha para o relógio; mais o que limpar, e olha para o relógio; mais o que arrumar, e olha para o relógio; coloca as cadeira sobre as mesas e põe-se a apagar as luzes – olhando para o relógio - pois assim, quem sabe, o velho levante-se e vá embora...
Uma a uma ele começa a apagar as luzes até que somente uma sobre a mesa com o velho agora frio, duro e com os dedos médio e indicador queimados pela brasa do cigarro...

- Meu São Jorge, mas era só o que me faltava hoje! – grita o garçom jogando a vassoura contra a parede.






* Lembrem-se, isso é ficção!

3 comentários:

Unknown disse...

É Roberto!

Pelo menos morreu onde e como queria, o que é uma missão quase impossível.

Beijos

Mirze

Bárbara sua sobrinha mais linda! disse...

Na hora que li a parte do cigarro ia comentar: Só por causa disso não vou acreditar que é ficção!
Mas pelo decorrer e desfecho concluo que sim. Vi um caso parecido de um moleque que morreu numa lan house e o pessoal demorou horas para perceber! hahahahahahh
Enfim, como sempre tudo de lindo heim?
"adolei"
bj bj

Esquisito! disse...

Me pareceu um presságio!