(mini história)
...então estávamos a “trocentos” metros de altura sobre o
Oceano Atlântico saindo do aeroporto de Heathrow, em Londres, quando sobrevieram
as turbulências.
Gritos de “aimeudeusdocéu”, juras e promessas de
uma vida melhor e mais honesta, choros, gritos e desmaios.
Pareceu-nos que o incidente
há via durado horas, dias, meses, anos, pareceu-nos o fim de tudo, e enquanto
todos a bordo lamentavam a vida prestes a ser acabar eu só me preocupava coma
bolsa, soba minha poltrona, cheia de CD’s e livros que nunca ouviria/leria... Não
pedia a Deus para não morrer, só pedia a Ele, e bem discretamente, que me
concedesse a graça de ter um pouco mais de vida para desfrutar deles. Não era
pedir muito, não Lhe prometi nada, e nada mudaria em minha vida para Lhe
agradar.
Nenhuma barganha, afinal.
Logo o voo endireitou-se,
voltamos a ganhar altura, deixamos as Canárias para trás e seguimos o caminho
de casa.
Tudo poderia ser bem
resolvido, não fosse uma criança que continuava a chorar. Continuava a chorar
desde que decolamos, continuava a chorar desde a turbulência, continuava chorar
desde que jantamos, continuava a chorar durante a noite em que deveríamos
dormir, continuou chorando o voo inteiro.
(11:45hs de voo...)
Estive prestes a fazer um
trato com Ele, que derrubasse de vez o avião desde que aquela criança parasse
de chorar...
A bendita criança chorava
sem parar, já não conseguia distinguir quem estava nervoso por causa dela de
quem estava nervoso com a Aduana...
Enfim chegamos a São Paulo,
estava louco para descer, desejando nunca mais ouvir tanto berreiro para o
resto da minha vida. A enxaqueca, fruto da noite mal dormida, mastigava minha
cabeça, a brutal mudança de temperatura, lá inverno, aqui inferno, digo, verão.
Pensamentos de morte cruzavam minha cabeça.
Tudo que eu queria era
chegar em casa, me meter debaixo do chuveiro e dormir, dormir sem choro de
criança.
As malas? Ficariam para
calendas!
No dia que resolvemos
desfaze-las dei pela falta da bolsa com os CD’s e livros.
Deus cruel!
Deu-me o tempo e tirou-me o
prazer de desfrutá-lo!
Antes...
Um comentário:
Never enough.
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