Vagarosamente, devagar, quase em camera lenta Germano cai. Como se estivesse numa gravidade lunar, sua cabeça aproxima-se vagarosamente do chão de pedras.
Numa vagarosidade vertiginosa Germano vê o chão vir em sua direção. Seus braços pesados como chumbo estão imóveis, não, não imóveis, mais parecem braços feitos de panos, balançando-se feito bandeirinhas ao vento, eles não mais obedecem a sua vontade. Germano não consegue faze-los amparar a sua queda.
O chão aproxima-se mais e mais.
As pernas, como arames, estão enroscadas uma a outra, os seus pés, parece, trocaram de lugar, onde deveria estar o direito, o esquerdo, e vice-versa.
O chão aproxima-se ainda mais.
O rosto de Germano estampa o desespero, a perplexidade, a impotência. O chão sujo está ainda mais próximo. Sua respiração está suspensa, seu coração bate tão rápido que parece que parou.
A paisagem á sua volta tornou-se um borrão multicolorido, enquanto cai Germano espanta-se com o repentino silêncio, tudo parece parado, estático, congelado.
O chão mais perto.
Germano voa, desliza pelo espaço qual um super-homem de história em quadrinhos, verticalmente flutua, cai...
O chão duro recebe o corpo de Germano.
Encabulado Germano levanta-se, amarra o cadarço de seus sapatos e segue em frente, embaraçado, envergonhado, com vontade morrer de vergonha.
2 comentários:
Deve ser horrível, se matar e não morrer; vai passar o resto da vida se desculpando e provando que o ato não foi loucura.
Pobre Germano.
Beijos
Mirze
Germano poderia colocar a laçada do cadarço para dentro do tênis. Cadarços de sapatos são mais curtos, ninguém cairia por pisar neles.
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