Passei ontem pela rua em que moram meus primos. Não digo onde para que ninguém se sinta tentado a ir visitá-los e perguntarem sobre mim, como sou, se sou assim mesmo, se sou bonito ou feio ou sabe-se lá o que mais.
Caminhava e lembrava como era aquilo lá.
Era uma festa para um moleque como eu ir à casa de meus tios. Morava em cidade onde as ruas eram asfaltadas, havia grandes casas de alvenaria e já alguns prédios de três ou quatro andares, e lá onde moravam meus tios e primos as ruas eram de terra e, criança é mesmo besta, ainda havia valas!
Que alegria a nossa!
Ficávamos a tarde inteira nos sujando na rua, entrando nas valas para catar girinos, puxando sujeiras de dentro d’água.
Quando voltávamos para dentro, era hora de tomar café. Qual o horror dos nossos pais ao nos verem sujos, com os pés encharcados de lama e fedendo, fedendo...
Hoje aquilo lá é mais uma rua, uma rua dessas qualquer, de qualquer cidade, sem encanto nenhum, sem nada que deixe qualquer marca de saudade.
Nas ruas daquele tempo, outros tempos, a iluminação pública deixava muito a desejar, mas brincávamos nelas sem perigos outros que cortar um dedo, pisar num prego, cair duma árvore.
Aliás: 1- alguém tem visto criança subindo em árvores ultimamente?, queimar um dedo fazendo fogueiras nas noites frias de junho e julho?;
2- nem frio faz mais no inverno, sem contar que tínhamos árvores, muitas árvores, goiabeiras, caramboleiras, ameixeiras, jaqueiras...
E hoje?
Arrancam tudo para que as folhas não sujem o chão! Tsc, tsc, tsc...
Já que é para apertar os miolos atrás de velhas lembranças, alguém tem visto pessoas sentadas nas portas de casa, conversando com vizinhos? Cumprimentando os passantes?
Não.
Essas ruas não existem mais...
Não sou um saudosista xiita mas, noutros tempos, tempos de minha infância, as coisas eram bem melhores. Perdíamos feio na qualidade tecnológica, mas a qualidade de vida realmente era bem outra. Tive uma infância de criança pobre, mas posso lhes garantir que era uma pobreza menos miserável do que a que vivemos hoje...
Outros tempos ou outro mundo?
Quando criança, com os meus colegas, fazia planos de no ano 2000 ir á Lua, ir a Marte, e vejam só, parece que voltamos à Idade das Trevas...
O futuro daquele tempo era muito melhor.
Mas seriam outros tempos ou eu sou outra pessoa?
Sei lá, até as dúvidas que me assolam hoje são piores...
Somente Vadinho O Grande Memoriodo, Responsavel Pelas Chaves da Sabedoria poderia dirimir essas questões...
6 comentários:
Esse é antigo!!!
Roberto!
Dá uma saudade desses tempos onde a gente brincava na rua,e à noite os vizinhos ficavam sentados na varanda, ou mesmo na calçada. Nós evoluímos.
Hoje já nem crianças há ais nas ruas. Medo de bala perdida, sequestro, bullying e os adultos não podem mais falar nada. Tudo dá cadeia.
Estamos num buraco negro sem fundo.
Vamos deixar que nossas crianças em vez de prender vaga lumes no vidro, brinquem de matar nos jogos eletrônicos.
Deve haver um horizonte perdido. Ando à procura!
Ótimo texto!
Beijos
Mirze
Ontem mesmo comentei com o Mario:
-Não existe mais bolinha de gude né?
Lembrei da época em que tínhamos um saco grandão e ficávamos jogando na rua.
Ele me resposndeu:
-No minimo deve ter bolinha de gude online!
hahaha! Fato. Tem certas boas coisas que não voltam mais. Peguei mto disso. Mas ainda sinto falta.
Jogar taco, vôlei, esconde esconde, pega pega... e minha mãe gritando no portão para eu entrar e eu me escondendo atras de um carro.
Pergunte ao Seu Sogro quem era o Bat-fino?
Ele era o Rei da bolinha de gude...
Outro mundo.
Saudades, do pega-pega, do jogo de queimada de rua, do pique esconde, do gosta desse?, ahahah saudades, da turma toda parada de bicicleta em frente ao muro de casa, planejando a festa na casa de alguém, de escutar o legião urbana e dar o primeiro beijo, poutz, agora? hunpf ...#saudosimomesmo!
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