Enfim os oitenta
Me vejo no espelho e nada me contenta
Olho para os pés e vejo que mijei neles
Outra vez
Fecho o zíper da calça e prendo o saco
Mordo os lábio para não gritar
E constato que ia sair sem a dentadura
Outra vez
Lá embaixo pessoas me esperam
Já nem lembro para quê
E nem lembro mais quem são
Outra vez
Há! São os meu filhos, ou creio que sejam!
Minhas mãos tremem, mas não de emoção...
Pela cara esqueci os comprimidos.
Outra vez
Procuro pelos óculos e rezo
Espero que não tenha dado a descarga neles
Outra vez
E eles querem comemorar
O quê?
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