Depois de ser imortal por mais de mil anos, morri. Morri em paz, ok a flechada até que doeu um pouco, mas morri.
Ou assim pensei.
De repente, não mais que de repente, apareço do nada, no alto de uma montanha de frente para o mar. Céu azul, uma ou outra nuvem no céu, no chão minha velha e conhecida sombra.
O que estou fazendo aqui? – me pergunto, ainda meio boba e atordoada, não sei por quanto tempo estive morta, mas ainda me sentia cansada...
Olho à minha volta – tentando me localizar, afinal voltar da morte é meio desnorteante.
Logo aparece um vulto, que se transforma num homem, ele vem sujo, suado, enlameado, cabelos desgrenhados, traz na cintura uma espada – ok, ok,ok, pela espada percebo que não fiquei muito tempo morta, o que explica meu cansaço - ele vem em minha direção – Sobrou prá mim! – pensei olhando para minhas unhas.
Viro de costas para ele e volto a encarar o mar.
Ouço seus passos no chão de areia e cascalhos, ele aproxima-se, seus braços fortes agarram minha cintura, ele fede, fede muito, ele levanta-me do chão, e me beija.
- Quando vou fazer parte de uma história decente? – Lógico, pela cara de parvo, ele não entendeu que a pergunta era retórica e dirigida a outra pessoa. – Meu destino será sempre esse? Tentei fugir de seus braços, mas em vão, pois sua força era avassaladora e esse corpo frágil.
Olho para os céus e me pergunto por que isso me acontece? – Logicamente a resposta não vem, e vez disso gaivotas gritando passam voando por nós.
Carregada às suas costas descemos em direção à praia, ele nada diz, por minha vez, grito, arranho-lhe as costas, me descabelo – pelo menos dessa vez meus cabelos são naturalmente cacheados! – mas nada que faço chama-lhe a atenção, e pressinto que deveria ter permanecido morta.
Pelos trirremes em alto-mar me parece que ainda faço parte da mitologia grega...
O quê esse autor tem contra mim, o quê.
Não sei quanto tempo estive desacordada, mas agora me vejo numa tenda branca, cercada de presentes, pulseira e diademas de ouro, ânforas de vinhos, sendo que uma boa meia-dúzia estava vazia – o que explica essa dor de cabeça dos Hades.
Onde me meteram dessa vez, onde?
O que me espera o futuro?
Ser mãe? Ter cólicas? Ficar viúva cedo? Virar refrão de “Mulheres de Atenas”?
Quando essa história – comigo – irá acabar?
Lá fora começa a ventar, as velas dos barcos inflam, logo meu herói virá buscar.
O que me espera no próximo capítulo?
5 comentários:
vim agradecer e retribuir a visita... gostei do seu blog
Volte aqui mais vezes.
Um conhecido fez duas filhas numa cidadã muito estranha. Perguntei para um camarada:
- Como o cidadão conseguiu fazer não apenas uma, mas duas?
Meu camarada respondeu-me com larga sabedoria:
- Sei lá. Ou é tarado, ou pobre, ou míope ou gosta de deitar com homem.
Vc sumiu e eu também: estava com problemas de saúde.Agora estou de volta. Feliz de te reencontrar por aqui.
Milu
OI MILÚ, É MUITO ESTAR DE VOLTA.
Postar um comentário