2010/09/20

AH! O AMOR

Para O Mário e sua bárbara dor



não sofras meu jovem
tu ainda não sabes nada de nada
e sofres por tão pouco
lá frente
no futuro
(por isso não te mates ainda)
tu verás que aquilo não era dor
talvez fosse
quando muito
um beliscão no orgulho
ferido, sim, eu reconheço
mas não são dores de amores
sofres
sim, outra vez reconheço
sofres, mas não sofres a falta dela
sofres, mas é por não tê-la e o outro sim
sofres, pois outros braços que não teu
a abraçam
outros lábios que não o teu
a beijam
outro teto que não o da tua casa
a abriga à noite
mas isso, embora doa muito,
não é amor
pode ser o despeito
a vontade assassina
(segure essa onda)
de torcer o pescoço do rival
que até pouco tempo
apresentavas como mais que amigo:

- um irmão!

pense assim
tudo passa
o que tens é uma paixão
uma febre
uma doença de verão
passageira
amanhã
(por isso pedi para que não te matasses)
rirás disso
e não rirás sozinho
rirás e muito
em companhia desses
que hoje te atormentam
e fazem de tuas noites
pesadelos suarentos e arfantes
cuida-te hoje
para tenhas amanhãs
siga em frente
nem olhes para os lados
(exceto é claro, na hora de atravessar ruas)
e, preste atenção
lá no horizonte
que não é assim tão distante
verás, sem sombra de dúvida, acolá
outra(s) garota(s)
e comentarás rindo
(via e-mail?, telefone?)
com esse canalha de seu,
hoje ainda, odiado ex-amigo:

- cara, encontrei a mulher da minha vida!

e, pode até, ser ela
pode também não ser
mas nesse dia
nem sequer
te lembrarás que um dia
sofrestes por essa que agora
me leva a te escrever essas linhas.


3 comentários:

solaris disse...

Dúvidas, admirações, paixões platônicas, paixões proibidas,afinal qual o limite? existe mesmo esse limite? é uma linha tão tênue....

Lindo texto...

Beto Ribeiro disse...

Lindo Texto Roberto

Bárbara Magreela disse...

aiai nem desconfio quem seja essa Bárbara dor hahahahahaha